Polícia Civil Desarticula Esquema Milionário de Lavagem do Tráfico

A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou na manhã desta quarta-feira, 3 de dezembro, a Operação Efatá, visando desarticular um robusto esquema criminoso de lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas e da atuação de uma organização criminosa. As investigações, conduzidas pela Delegacia Especializada de Repressão a Narcóticos (Denarc), identificaram movimentações bancárias superiores a 295 milhões de reais, realizadas por meio de empresas de fachada, laranjas e pessoas jurídicas diretamente ligadas ao núcleo criminoso, destacando a complexidade e a grandiosidade da rede ilícita.

Para combater essa estrutura criminosa, foram cumpridas 148 ordens judiciais, que incluíram 34 mandados de busca e apreensão domiciliar e 40 medidas cautelares diversas de prisão. Além disso, a operação resultou no bloqueio de 40 contas bancárias de pessoas físicas e 19 de pessoas jurídicas, totalizando um valor de até 41,2 milhões de reais, bem como o sequestro de imóveis e 15 veículos automotores, visando a descapitalização do grupo. As determinações foram expedidas pelo Núcleo de Justiça 4.0 do Juiz de Garantias de Cuiabá.

A abrangência da Operação Efatá se estendeu por diversas cidades, como Cuiabá, Várzea Grande, Água Boa, Sinop e Primavera do Leste, em Mato Grosso, além de Mundo Novo, no estado de Mato Grosso do Sul. A ação contou com o apoio de diversas unidades especializadas da Polícia Civil, como a Diretoria de Atividades Especiais (DAE), Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO/Draco), Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado (Deccor), Delegacia Especializada de Meio Ambiente (Dema) e Delegacia Especializada de Crimes Fazendários (Defaz), além de diretorias regionais e o respaldo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT).

O Intrincado Esquema de Lavagem

As investigações da Denarc revelaram que o esquema de lavagem de dinheiro envolvia vários integrantes da organização criminosa, bem como seus familiares. Esses indivíduos movimentavam quantias expressivas em suas próprias contas, sem que houvesse qualquer lastro documental ou comprovação de origem lícita para tais transações. A complexidade do sistema consistia no fracionamento dos recursos, que transitavam em pequenas quantias entre contas de pessoas físicas e jurídicas, buscando ocultar e dissimular a real proveniência do dinheiro ilícito.

Um levantamento técnico detalhado demonstrou que apenas um dos investigados foi responsável pela movimentação de impressionantes 295.087.462,24 reais, considerando créditos e débitos em suas contas. A apuração das provas foi fortalecida pela atuação estratégica do Núcleo de Inteligência e do Laboratório de Lavagem de Capitais da Polícia Civil, que foram cruciais para a identificação das atividades ilegais e da estrutura financeira da facção criminosa. Durante o período investigativo, diversos indivíduos já haviam sido presos em flagrante pelo crime de tráfico de drogas.

“O objetivo é interromper o fluxo financeiro da facção criminosa e ampliar o alcance das ações repressivas contra o crime organizado em Mato Grosso”, afirmou o delegado André Rigonato, da Denarc, responsável pelas investigações.

As medidas implementadas visam não apenas responsabilizar penalmente os envolvidos, mas, principalmente, descapitalizar a organização criminosa, impactando diretamente sua capacidade operacional. As investigações prosseguirão com a minuciosa análise do vasto material apreendido, buscando apurar a participação de eventuais novos envolvidos e desmantelar a rede por completo.

Estratégia Nacional de Combate ao Crime

O nome da operação, “Efatá”, que significa “abra-te” em aramaico, foi escolhido metaforicamente para representar a revelação da complexa rede criminosa que operava sob o disfarce de legalidade empresarial e profissional. Essa ação se insere no planejamento estratégico da Polícia Civil, por meio da operação Inter Partes, e faz parte do programa “Tolerância Zero Contra Facções Criminosas”, do Governo de Mato Grosso, que tem intensificado o combate a essas organizações em todo o estado.

Adicionalmente, a Operação Efatá integra as ações da Rede Nacional de Unidades Especializadas de Enfrentamento do Narcotráfico (Renarc). Esta rede reúne delegados titulares das unidades especializadas e promotores públicos dos 26 estados e do Distrito Federal, sendo coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, através da Diretoria de Inteligência e Operações Integradas (DIOPI) da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). A Renarc tem como finalidade traçar estratégias de inteligência para um combate duradouro e eficaz à criminalidade em nível nacional.