Domingo, 03 de Agosto de 2025

Prefeito de Cuiabá barra professora da UFMT por uso de ‘todes’

Conferência do SUS é interrompida por embate ideológico

31/07/2025 às 21:56
Por: Redação

Durante a Conferência Municipal do Sistema Único de Saúde (SUS), realizada nesta quarta-feira (30) em um hotel de Cuiabá, a professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Maria Inês da Silva Barbosa optou por se retirar do evento após o prefeito Abilio Brunini (PL) proibir o uso de pronome neutro.

A situação começou quando, antes de iniciar sua palestra, a professora declarou: “a saúde é para todos, todas e todes”. Diante da fala, o prefeito solicitou a palavra e iniciou um pronunciamento:
"Aqui no nosso município, na nossa gestão, a gente não trabalha com pronome neutro, nem com doutrinação ideológica. Durante a minha gestão, não vou aceitar a manifestação de pronome neutro. Se a senhora não se sentir à vontade em fazer uma apresentação que discuta a saúde de Cuiabá sem doutrinação ideológica e sem manifestação de pronome neutro, eu vou suspender a apresentação", afirmou.

A professora manteve seu posicionamento ao enfatizar a importância da equidade na saúde:
"Quando eu falo de equidade, eu tenho que falar de todos, todas e todes porque essas pessoas querem ser ouvidas. Não tenho como falar do acesso universal igualitário a todas as ações e serviços de saúde, sem me referir a todos, todas e todes. O senhor não vai precisar me retirar da sala porque eu me retiro", concluiu.

Em nota oficial, a Prefeitura de Cuiabá reforçou que a linguagem neutra não será permitida em eventos ou espaços institucionais promovidos pelo Poder Executivo Municipal. Segundo o comunicado, a medida visa manter o compromisso com a norma culta da língua portuguesa e assegurar a neutralidade ideológica das ações públicas.

A nota também destacou:
"O prefeito reforçou que todas as pessoas têm espaço garantido na gestão municipal, independentemente de raça, orientação sexual, religião ou posicionamento político. No entanto, destacou que manifestações ideológicas, de qualquer vertente, não devem interferir na condução técnica das políticas públicas nem na linguagem adotada nas ações oficiais do Executivo."

Linguagem neutra

A linguagem neutra busca incluir pessoas que não se identificam com os gêneros masculino ou feminino, como indivíduos trans, não-binários e intersexo, promovendo representatividade da comunidade LGBTQIA+.

Pela norma culta da língua portuguesa, o plural masculino é usado como forma neutra. Em um grupo misto, mesmo com maioria feminina, a forma "todos" ou "eles" é gramaticalmente aceita.

Vestibulares e concursos públicos que seguem a norma padrão geralmente proíbem o uso da linguagem neutra. Ainda assim, especialistas consideram que sua adoção social pode, eventualmente, levar à oficialização do uso.

 

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