Quinta, 14 de Agosto de 2025

Combate ao Microplástico no Brasil: Estratégias e Soluções Propostas por Pesquisadores

Relatório da Academia Brasileira de Ciências aponta caminhos para reduzir a poluição e seus impactos ambientais e na saúde.

11/08/2025 às 16:53
Por: Redação

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) lançou o relatório Microplásticos: um problema complexo e urgente, analisando os efeitos do descarte inadequado de microplásticos e propondo estratégias de combate à contaminação do meio ambiente, especialmente rios e oceanos.

Segundo levantamento, o Brasil contribui anualmente com até 190 mil toneladas de lixo no ambiente marinho. A produção mundial de plástico é estimada em 400 milhões de toneladas ao ano, com menos de 10% reciclado.

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Cerca de 80% dos resíduos plásticos que chegam ao mar vêm de atividades terrestres, como turismo, indústria, ocupação urbana desordenada e má gestão de resíduos sólidos. Os outros 20% vêm de atividades marítimas, como transporte e pesca.

“Enfrentar a poluição por microplásticos exige ação coordenada entre governo, setor produtivo, comunidade científica e sociedade. Precisamos rever estratégias nacionais e investir em educação, inovação e regulação para proteger a saúde humana e os ecossistemas”, afirma Helena Nader, presidente da ABC.

Ao chegarem ao oceano, os resíduos sofrem dispersão e causam impactos ambientais, sociais e econômicos, sendo ingeridos por animais marinhos e outros seres vivos da cadeia alimentar.

Microplásticos também são encontrados em órgãos do corpo humano, representando riscos à saúde. Estudos detectaram microplásticos em placentas e cordões umbilicais de gestantes.

“O relatório propõe ações concretas que exigem atuação coordenada entre governo, setor produtivo e sociedade. Não podemos mais tratar os plásticos como descartáveis. É hora de assumir a responsabilidade pelo ciclo completo desses materiais, desde a produção até o descarte e a reciclagem”, avalia Adalberto Luis Val, vice-presidente da ABC.

Estratégias de combate

Para reduzir o impacto da poluição por microplásticos, os pesquisadores propõem seis caminhos:

  • Governança: revisar o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar, reforçando o combate aos microplásticos; fortalecer a discussão e implementação do Tratado sobre a Poluição Ambiental por Plásticos.
  • Ciência, tecnologia e inovação: aumentar investimentos em reciclagem; reutilizar produtos plásticos; substituir polímeros sintéticos por biodegradáveis em produtos descartáveis.
  • Fomento e financiamento: criar mecanismos de avaliação de riscos à saúde e mitigar os efeitos da poluição plástica, como usar nanotecnologia para o reaproveitamento do material.
  • Capacitação: qualificar catadores, formalizando o trabalho, e capacitar professores em escolas de nível fundamental e médio.
  • Circularidade dos plásticos: buscar mudanças na legislação para tratar do descarte apropriado e recolhimento de materiais plásticos separadamente.
  • Educação ambiental e comunicação: criar política governamental para estimular a educação ambiental, especialmente para trabalhadores das fábricas, empresários e agronegócio; criar campanha sobre descarte e reciclagem de plásticos.

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