Quinta, 28 de Agosto de 2025
O filme O Último Azul, do cineasta pernambucano Gabriel Mascaro, um dos nomes de destaque da nova geração do cinema brasileiro, estreou nesta quinta-feira (28) nos cinemas de todo o país. Mascaro, já conhecido por obras como Boi Neon (2015), conquistou o Urso de Prata no Festival de Berlim em fevereiro deste ano.
‘’Foi uma alegria muito grande poder estrear na Berlinale, um festival que consagrou a cultura brasileira com Central do Brasil e Tropa de elite, e a gente chega lá com O Último Azul e sai de lá com o prêmio da crítica, um Urso de prata, foi muito bonito e agora finalmente encontraremos o público brasileiro com muito calor e com muita energia’’, comemora Mascaro.
A trama se passa na Amazônia e acompanha a transferência de idosos para uma colônia habitacional onde passarão seus últimos anos. Tereza, uma mulher de 77 anos, interpretada por Denise Weinberg, decide embarcar em uma jornada para realizar seu último desejo, sendo surpreendida por um marinheiro misterioso, vivido por Rodrigo Santoro.
‘’Pois é, a gente queria fazer um filme sobre esse corpo idoso feminino que sente desejo. Um corpo que pulsa no presente e que ressignifica a vida aos 77 anos. Eu precisava dessa tônica ousada, então o filme começa meio distópico e chega em um momento fantástico e surreal. A gente vai brincando com o gênero como se fosse uma descoberta de maturação, né? A personagem principal passa por uma jornada de transformação, e a gente geralmente costuma associar as transformações a pessoas jovens, né? Mas aqui não! Estamos falando de uma idosa, com toda energia, com toda força e, sobretudo, com o desejo de sonhar’’, explica Mascaro.
Denise Weinberg, a protagonista, compartilha sua visão: ‘’A velhice não é uma coisa triste, se você souber envelhecer, é uma sabedoria. Além disso envelhecer fazendo o que você o que você gosta é maravilhoso’’.
Para Denise, que recentemente conquistou o prêmio de melhor atriz no Festival de Guadalajara, no México, o filme transporta o público para a utopia: ‘’Por ser artista, já sou utópica por natureza, então quando esse material caiu na minha mão, e conheci o Gabriel, vi logo que era jogada de gênio, só pensei: eu tenho lugar de fala, quero fazer esse filme’’.
A experiência de filmar na floresta amazônica também foi marcante para a atriz: ‘’Conheci uma Amazônia com paisagens lindas e alucinantes; são respiros na alma, mas também há uma concretude muito forte no sentido de estar naquele lugar e encarar o envelhecimento como algo que é difícil, mas que pode ser bom quando temos maturidade para encarar’’.
A professora e pesquisadora Ivana Bentes destaca a relevância do filme ao abordar temas como o etarismo e sua excelência estética: ‘’O Gabriel Mascaro para mim é a síntese do novo cinema nacional, que cria um interesse além do Brasil, seja pela sofisticação estética seja por temas relevantes, importantes, sociais que ele aborda. A linguagem do filme comove e nos mobiliza’’, comenta Ivana.