Domingo, 24 de Agosto de 2025

Tarifas de Trump: Impacto nas Exportações Brasileiras e Reação do Governo

Alckmin minimiza o efeito do tarifaço americano e anuncia medidas para mitigar os prejuízos aos exportadores.

23/08/2025 às 20:43
Por: Redação

O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o Brasil vai superar a crise comercial desencadeada pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos (EUA), ressaltando a menor dependência do mercado norte-americano em comparação com décadas passadas.

"Vai passar. Na década de 1980, 24% da nossa exportação ia para os EUA, quase um quarto das exportações brasileiras. Hoje, é 12%. E o que está afetado é 3,3%. Isso é o que está afetado no tarifaço", observou Alckmin durante um debate sobre conjuntura política promovido pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em Brasília.

Alckmin destacou que cerca de 36% das exportações aos EUA são as mais afetadas pela tarifa de 50%, impactando principalmente setores da indústria de manufatura, como máquinas e equipamentos e indústria têxtil.

"Indústria de máquinas, equipamentos, calçados e têxtil são os que sofrem mais. Porque comida, [como] carne, se eu não vendi lá, eu vou ter outros mercados. Não vai cair o mundo. Café, se eu não vendi lá, vou vender em outro lugar. Agora, produto manufaturado é mais difícil de você realocar. Acaba realocando, mas demora um pouco mais", explicou o vice-presidente, que atua como o principal negociador do Brasil nessa questão.

"Não vamos desistir de baixar essa alíquota e tirar mais produtos", insistiu Alckmin, lembrando que nem todo produto exportado pelo Brasil foi sobretaxado. Cerca de 42% deles ficaram de fora da alíquota de 50%, enquanto outros 16% foram incluídos em taxas que atingem outros países na mesma proporção, como é o caso do aço, alumínio e cobre.

Como alternativa, Alckmin ressaltou que o país deverá expandir mercados, com a assinatura do acordo Mercosul-União Europeia, que pode ocorrer até o fim do ano, além de outras tratativas, como o acordo do Mercosul com o EFTA (Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça), Singapura e Emirados Árabes Unidos.

Alckmin também destacou as medidas anunciadas pelo governo federal para reduzir os impactos negativos causados aos exportadores brasileiros com o tarifaço, como abertura de linha de crédito, suspensão de tributos incidentes sobre insumos importados (drawback) e aumento do percentual de restituição de tributos federais a empresas afetadas.

No âmbito internacional, o vice-presidente citou a reclamação aberta pelo governo brasileiro na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas norte-americanas e prevê que o caso pode chegar também a tribunais dos EUA. "Você não pode usar política regulatória por razões partidárias, políticas", comentou.